Fanfarra

História

A música sempre esteve ligada aos Bombeiros Voluntários de Estarreja.

Pausa

A primeira referência à necessidade de criar uma vertente musical surge-nos em 1923, mesmo antes da constituição da Corporação: no “Concelho de Estarreja”, de 14 de Abril, pode ler-se:

“Junto a esta Corporação deve-se agregar um corpo musical, cuja receita reverterá para a mesma. Havendo mais duma música tira-se à sorte qual deve pertencer-lhe este lugar que se deve intitular “Banda dos Voluntários de Estarreja”.

A 22 de Julho de 1928, o jornal “O Bombeiro Voluntário”, número único dedicado à corporação, dava conta da presença da Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Estarreja e da Banda de Música Visconde de Salreu na recepção às proprietárias do restaurante “A Barraca”.

Sem data pública de constituição, o certo é que, a 31 de Agosto de 1932, o seu maestro Álvaro d’Oliveira reuniu com a Comissão Administrativa da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Estarreja, para a cedência de uma sala destinada aos ensaios da referida banda.

Na acta n.º 24, de 31 de Agosto de 1932, pode ler-se o seguinte:

“Esta Comissão Administrativa, após o ter consultado o Senhor Primeiro Comandante sobre o assunto e depois de manifestada a opinião formal do mesmo Senhor ao pedido do Ex.mo Sr. Álvaro d’Oliveira e atendendo a que a mencionada Banda pode considerar-se parte integrante desta associação, deliberou, por unanimidade ceder para os seus ensaios, a dependência escusa do quartel”.

Pausa

Até nós chegou a imagem de José Bernardino Henriques, veirense, que em 1935, com 17 anos de idade, emigrou para os Estados Unidos, tendo, mais tarde, sido nomeado Cônsul de Portugal em Filadélfia. Nas suas memórias cedidas pela família, pode ler-se que “o mesmo foi convidado pelo regente da Banda dos Bombeiros Voluntários de Estarreja para integrar o agrupamento musical, depois da extinção da Banda da Murtosa, que por esse tempo se extinguiu por falta de músicos, dado que todos emigravam”.

Na imagem, pode ver-se José Bernardino Henriques com o instrumento que tocava, um trombone.

Mais nenhum registo histórico foi feito da Banda dos Bombeiros de Estarreja até à referência, em acta de direcção do dia 30 de Abril de 1936, dia em que a Banda dos Bombeiros Voluntários de Estarreja foi considerada desligada da instituição:

“(…) deliberaram considerar desligada desta Associação a corporação musical que até aqui se designava “Banda dos Bombeiros Voluntários de Estarreja”, acedendo assim ao desejo manifestado pelo seu chefe e regente”. Pelo “Jornal de Estarreja”, de 25 de Setembro de 1968, ficamos a saber que a Banda dos Bombeiros Voluntários se transformou em Banda Municipal de Estarreja, numa data que não conseguimos apurar.

Alberto Vidal lembrasse da Banda dos Bombeiros Voluntários de Estarreja ter saído do quartel da Rua Jornal de Estarreja:

“Era aí que a Banda dos Bombeiros Voluntários de Estarreja, que depois foi Banda Municipal de Estarreja. E então essa Banda Municipal saiu de lá e ficou instalada por cima do meu antigo armazém, na Rua Dr. Souto Alves, que recentemente veio abaixo”.

A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Estarreja foi constituída em 1962, com o regresso a Estarreja de Joaquim Couras. Bombeiro de coração, Joaquim Couras quis continuar na sua terra natal o ofício que desempenhou no serviço militar: tocar clarim. Ao longo de cinco décadas foram muitas as dificuldades, a primeira das quais pela obtenção de instrumentos; mas sempre foi um ponto de entrada nos bombeiros, e um espaço de gerações, ponte de encontro de pais e filhos, ao serviço da comunidade.

Com 50 anos comemorados em 2012, a fanfarra marca presença em dezenas de festas religiosas, contínua a abrilhantar o Carnaval de Estarreja, para além da presença em actos oficiais.