Na conferência de imprensa dada ontem, 11 de maio, Marco Braga, Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Estarreja, referiu que "estamos a ter graves problemas financeiros por causa do aumento dos combustíveis - o preço do pagamento de quilómetro está na mesma há 12 anos, e o preço do gasóleo quase que duplicou, o que coloca em causa a sobrevivência da Associação." Por mês, em média, os Bombeiros Voluntários de Estarreja gastam cerca de 12 mil euros só em combustível.
O responsável adiantou que, "se nada for feito a breve prazo, mais ou menos 30 dias", aquela corporação terá de "tomar algumas medidas de restrições de serviços".
"Temos três hipóteses em cima da mesa: parar o serviço de transportes não urgentes, não fazer retornos hospitalares, e estamos a ponderar participar ou não no DECIR (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais), estamos à espera da diretiva financeira para ver os valores que vão pagar sobre os quilómetros", detalhou.
Para que não seja necessário suprir esses serviços, sugere a duplicação do valor comparticipado por quilómetro, de 0,51 euros para um euro, mas já ficaria "satisfeito" com "um aumento de 30 ou 40 cêntimos".
A corporação está "a ter prejuízo no serviço de transporte de doentes não urgentes", uma valência que, "em tempos, dava lucro e mantinha as associações". A situação ainda se agravou mais devido à pandemia. “As nossas ambulâncias, que normalmente levavam sete a nove utentes, passaram a levar apenas três ou quatro o que obrigava a fazer várias viagens para o mesmo local”.
É por isso que pede "medidas para evitar que, daqui a dois, três ou quatro anos, algumas associações [de bombeiros] possam até fechar portas".
Marco Braga deixou, no entanto, uma garantia à população local: "os Bombeiros de Estarreja nunca e jamais deixarão de fazer aquilo que é a urgência - e os serviços de hemodiálise, que consideramos emergência, porque são situações a que as pessoas não podem deixar de ir - esses serviços estarão sempre assegurados, 24 sobre 24 horas, pelos Bombeiros de Estarreja, que não haja dúvidas sobre isso". O presidente afirmou ainda que a Câmara Municipal de Estarreja está ao lado dos seus bombeiros e mostrou total solidariedade com esta decisão.
A esta reivindicação, acrescem os habituais pedidos de revisão da lei de financiamento das corporações de bombeiros, bem como de um regime semelhante ao do gasóleo verde para o setor agrícola, que tem uma redução ou isenção do imposto especial de consumo na aquisição de gasóleo.
Esta última "não é uma solicitação nova, nem uma ideia nova, porque já há muito tempo que tem sido proposta ao Governo, mas foi sempre negada", lamenta o dirigente.
O presidente dos Bombeiros de Estarreja queria "uma posição coletiva, e não individual", sobre esta matéria, e deixa o desejo de que, "no futuro, a Liga dos Bombeiros Portugueses e as federações tomem posições firmes sobre esta situação perante o Governo, porque tem outro peso".